terça-feira, 28 de setembro de 2010

Massacre do reflexo

Me sinto tão perdido 
Não sei onde fica o fim
E nem o começo 
E assim eu vou
Tropeço após tropeço
Esbarrando em ilusões 
Em falsos corações
Me derrubo
Me levanto
E assim sigo aos prantos
E o ultimo suspiro que me resta
É erguer a cabeça 
E ver você logo a frente
Minha vontade 
É te amarrar em correntes
E não deixar escapar 
Nem mesmo um defeito seu
Pra eu lhe moldar 
E depois emoldurar
Guardar como lembrança
Da minha tão suada esperança
Que projetei em ti
E não sei se fiz o certo
Em me entregar de peito aberto
A esse espelho ao reverso 
Que Narciso olhou 
E se petrificou 
Pra nunca mais voltar
Do seu próprio encanto 
Da beleza austera 
Que um dia degenera
E escorre como sangue
Pelas veias do coração
Implorando pra sair
E deixar-se refletir
Nesse mundo de superfícies
Algum interior
Faça-me o favor
De sair e gritar
De deixar-se brilhar
Nas águas que mataram
Aquele que era tão belo
E efêmero
É mais um casco que virara pó
Sem vergonha e sem dó
Afundou e se deixou levar
Pela capa que acreditou amar
E desejou que perdurasse
Num amor podre
De fachada quase dourada
Que agora é lodo

Ferrugem
Fuligem
É defunto.

 

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